Nossos objetivos

O objetivo do nosso Blog é compartilhar nossas experiências bem como divulgar a DW para tentar minimizar diagnósticos tardios por falta de informação por parte de alguns profissionais da saúde, o que acarreta graves consequências e sequelas irreversíveis para os portadores da DW. Que possamos estar juntos sem desistir da luta. Creio na força do amor e na superação dos obstáculos impostos pela vida. Juntos somos força, somos amor, somos vida.





segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um Recado de Nossa Senhora


        Sabe aquele recado que você recebe e não sabe interpretar? Assim aconteceu comigo.

        Em meados de 2002, fomos convidados  por um casal para fazer um Encontro de Casais com Cristo ( ECC). Não somos chegados a esse tipo de evento; nem eu nem o meu marido. Mesmo assim, aceitamos  o convite em consideração ao casal: Sandra e Marcos Mucarbel.

        O encontro foi maravilhoso. Conheci algumas pessoas, orei, cantei, sorri, chorei; enfim, foi emocionante e valeu a pena ter participado. Saí do encontro leve como uma pluma, feliz. Por que não dizer, renovada?  Talvez já estivesse sendo preparada espiritualmente para os novos desafios que estavam por vir. Uma prova do amor de Deus por nós.

        Com o encerramento do evento, vieram os pós- encontros.  No primeiro, os casais tiveram a oportunidade de verbalizar o significado do encontro para cada um. Lembro-me de algumas palavras que proferi na ocasião:
      -Vou deixar o meu filho partir para  que Jesus tome conta dele.
Fazia 6 (seis) anos que o meu filho mais velho tinha falecido.
      -Agora vou viver e tomar conta do meu filho que ficou.
Eu realmente estava feliz e em paz com Deus e com o mundo.

        E daí, mais outros e outros eventos. Até que um dia, não lembro se no segundo ou terceiro pós-encontro, tive dificuldades de locomoção e por pouco não deixei de participar. Mas um amigo, que eventualmente passou em nossa casa, deu-nos uma carona até a Igreja. Sabia que para voltar seria mais fácil; algum casal do grupo nos deixaria em casa.

        Nesse encontro, -não lembro a data e nem o dia da semana- a palestra seria ministrada por um casal setorial do Município de Abreu e Lima.  Deles eu nunca esqueci porque num dado momento do encontro eles interromperam  o que estavam falando e disseram que tinham um pedido a fazer.E começaram a informar-nos que se encontrava no espaço externo da igreja uma senhora com um bebê e que eles não tinham onde passar a noite.  Perguntaram se alguém do grupo poderia acolhê-los naquela noite. Silêncio total.  Retomaram o tema do qual estavam tratando anteriormente, como se nada tivesse acontecido. O fato mexeu com cada um de nós e com a nossa consciência cristã. A mulher continuava falando até que, num dado momento, ela perguntou:

       -Alguém vai abrigar a mãe e o bebê? Eles continuam lá fora.
 Falava isso e logo retomava o rumo da palestra.

Passados alguns minutos , voltou a tocar no assunto. Aí falei:
         - Não é que as pessoas não queiram abrigar a mãe e o filho; é que o mundo está tão maluco que as pessoas ficam com medo de colocar pessoas estranhas em suas casas e de certa forma expor suas famílias.

          Então ela sugeriu o seguinte:

           - Nós podemos levá-los em casa. Como  moram longe, e estamos com pouca  gasolina, vocês  podem nos ajudar com o dinheiro da gasolina? E, nesse exato momento, as pessoas começaram a contribuir para que o casal palestrante pudesse deixar a mãe e o seu bebê em casa, são e salvos.

           Já estava  próximo de terminar a palestra, quando  ela deu uma nova desculpa por não poder ir deixar mãe e filho em casa.  E mais uma vez perguntou se algum casal podia acolher aquela mãe e o seu filho por uma noite. Ai falei para o meu marido que  eu iria ficar e ele concordou. Então  disse:
         - Nós os levamos para pernoitarem em nossa casa. Nesse momento ela nos convidou para irmos até o altar. E dirigindo-se ao casal disse:

        - Podem trazer a mãe  e o seu filho.  Vocês vão ser os padrinhos dele.

        Nesse momento comecei a chorar porque  imaginava que iriam trazer uma criança para que adotássemos, uma vez que eles sabiam que nós tínhamos  perdido um filho. Muita coisa passou na minha cabeça naquela hora e eu não parava de chorar. Até que me entregaram uma caixa. Ela pediu para que abrisse porque o endereço estava na caixa. Abri, mas não tinha nenhum endereço. Eu falei não haver encontrado nada, porém ela insistia. No momento me dei conta de um pequeno volume. Ao abrir, deparei-me com a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. A emoção era muito grande; não sabia definir o que sentia naquele momento. Em seguida,  esclareceu que era uma dinâmica de grupo. Que graças à Deus ela não estava precisando de gasolina. Não lembro bem, mas acredito que o dinheiro tenha ficado para a igreja. Estava muito emocionada para me apegar a esses detalhes.

         Terminado o encontro, fomos deixados em casa por um casal do grupo.  Estava eufórica e inquieta.  Chamei o meu filho Adeildo Carlos e contei tudo o que aconteceu na igreja. E falei-lhe:
       - eu acredito que recebi um recado; só não estou sabendo interpretar.
 Ele concordou comigo. Ficamos acordados até às 3 horas da madrugada.

       Esse Encontro de Casais com Cristo me deu suporte para encontrar a força e a fé necessária, para encarar o novo que mais uma vez  chegava a nós, como a DW ( Doença de Wilson)  no meu filho caçula. Se Nossa Senhora suportou ver o sofrimento do seu Filho, vendo-o ser crucificado, pude compreender que as mães têm uma proteção especial para que possam suportar as dores mais cruciais que a vida lhes apresenta.